sexta-feira, setembro 14, 2007

 

Reta final complicada

O AMA Motocross chegou ao fim. As últimas etapas foram muito difíceis e vou tentar passar pra vocês um pouco das experiências que tive nesta reta final aqui nos EUA.

Por mais que os meus resultados não tenham sido o que eu esperava, em nenhum momento deixei de dar o meu melhor e sempre estive entre os pilotos mais rápidos. Os meus resultados não refletem o que de fato aconteceu. Não mostram verdadeiramente o quanto tive perto de estar entre os melhores. Em todas as quatro últimas etapas, tive um acontecimento diferente e é por isso que eu digo que esta reta final foi bastante complicada.

Tudo começou quando tive uma torção no tornozelo esquerdo na semana em que antecedia a nona etapa. Fui inclusive desaconselhado a correr pelos médicos, mas como sou teimoso, resolvi ir em frente e superar a dor.

Antes da viagem para Millville, aconteceu algo inédito, meu vôo foi cancelado duas vezes. Estava previsto para chegar às quatro da tarde de sexta, mas cheguei sábado uma da tarde. Perdi uma noite de sono, o primeiro treino e por muito pouco não me classifiquei. Isso me desestruturou completamente. No domingo, concentrei bastante, mas larguei mal. Mesmo assim ainda consegui terminar a primeira bateria na 12ª colocação, depois de fazer uma corrida de recuperação. Na segunda bateria, a bruxa continuava solta, fiz uma excelente largada, mas ao final da primeira volta um acidente forte deixou alguns pilotos machucados. Bandeira vermelha, novo procedimento de largada e nesta não tive muita sorte. Ao final da primeira volta me envolvi em um acidente com mais dois pilotos e minha moto foi seriamente danificada. Consegui marcar alguns pontos, terminei com muita dor, mas apesar de tudo foi um fim de semana positivo.

A 10ª etapa foi em Steel City, o tornozelo estava melhor e acreditava em um bom fim de semana. Choveu muito. Gosto e costumo me dar bem na lama. Fiz bons tempos nos treinos, mas na corrida a pista já estava bem seca. Larguei bem na primeira bateria, fazia uma excelente corrida e tive que abandonar devido a um furo no penu da minha moto. Inacreditável. Fiquei frustrado, mas fui pra segunda bateria com bastante vontade. Não larguei bem, mas vinha forte, recuperando posições. Cheguei a ser o décimo, quando fui pra cima do Ryan Clark, consegui um trilho diferente, passei mas na saída da curva a lama me levou ao chão. Voltei para a prova, perdi algumas posições e cheguei na décima quinta colocação. Ainda marquei alguns preciosos pontos (mal sabia eu que eram os últimos rsrsrs).

Em Wortham, no Texas, animado como sempre, na mesma rotina. Classifiquei bem no sábado, vinha com tempo rápido e assim fui para a primeira bateria. Queria um resultado positivo, tudo indicava que ia dar certo. Fiz uma excelente largada e por muito pouco não consegui o holeshot, o que seria o segundo em minha carreira. Por Milésimos perdi a primeira colocação para o Andrew Short (piloto oficial Honda). Andei muito rápido este dia. Sem dúvidas as voltas mais rápidas da minha vida. Até os 15 minutos eu estava entre os cinco primeiro. Uma sensação indescritível. Sem preço. Ouvi o locutor falar o meu nome e ouvi o público vibrando. Sensação única. Porém, aos 22 minutos de prova, cometi um erro, caí e perdi à sexta colocação. Neste dia faziam mais de 40 graus, não consegui ligar a moto novamente e abandonei. Fiquei chateado por não terminar, mas ao mesmo tempo feliz por ter andado muito bem. Tenho certeza que um equipamento melhor, mais experiência e confiança, conseguirei andar neste ritmo durante toda a corrida. Restou-me a segunda bateria. Nela larguei com a intenção de fazer o mesmo que fiz na primeira (...com exceção de cair é claro rsrsrs). Larguei bem, mas logo na primeira curva o Jeff Alessi caiu e acabou me levando com ele. As motos se enroscaram e demoramos muito tempo para conseguir retornar. Voltei em último e com uma volta de desvantagem. Corri muito, andei bem e cheguei em 21ª a uma posição da zona de pontuação.
Como sempre procuro olhar o lado bom das coisas. Tenho certeza que quando obtiver uma nova chance de estar na frente, sei o que fazer e não vou cometer os mesmo erros que cometi.

Glen Helen foi com certeza a etapa que mais esperei durante todo o ano. Tenho sempre boas lembranças daqui e fui com toda a vontade do mundo para a última etapa do campeonato. É a pista em que mais gosto e tinha certeza que poderia ter me dado bem aqui, mas como as coisas não vinham muito bem, aqui elas pioraram bastante e novamente uma série de acontecimentos inéditos mais uma vez apareceram.
Já no primeiro treino, minha moto começou a falhar muito, trocamos toda a parte elétrica, mas no final descobrimos que era a gasolina. Não terminei o primeiro treino e isto me deixou bastante nervoso.
No segundo treino, andei entre os dez melhores, mas no final, numa curva de alta que se faz de quarta, conhecida como Taladega, caí muito forte. Perdi a memória, batia a cabeça e não consigo explicar o que aconteceu. Fui para o centro médico da pista, aos poucos fui voltando ao normal. Tive um fim de tarde dolorido e não me sentia bem, apesar de tudo, consegui dormi muito bem.
No outro dia, muitas dores no corpo, mas nada mais sério. Fui ao centro médico e os médicos não me deixavam correr. Tive que assinar alguns termos de responsabilidade e fui pra pista muito animado.
Treinei bem pela manhã. Na primeira bateria fiz uma boa largada e fechei a primeira volta em 12º lugar. Aos 15 minutos eu já estava em nono, continuei acelerando forte, conquistei a oitava e estava muito bem, era a minha melhor prova durante todo o campeonato. Porém aos 23 minutos minha roda traseira estourou. A pista tinha saltos enormes e minha roda não agüentou. Mais uma bateria abandonada. Era um oitavo lugar garantido. Era um resultado inédito para mim, porém corrida é corrida.
Eu e Max corremos atrás de uma roda emprestada e fomos para a segunda bateria. Novamente fiz uma boa largada e um excelente início de prova. Eu queria muito, mas muito mesmo terminar o campeonato com um resultado inédito. Larguei em 14º lugar, recuperei, passei muita gente e sabia que podia terminar entre os oito primeiros. Porém, infelizmente a sorte realmente não estava ao meu lado. Numa subida, ao tentar ultrapassar o Gavin Gracyk, a moto dele jogou uma pedra que atingiu em cheio o meu nariz. Tentei seguir em frente, mas o sangue jorrava muito e meu óculos sujou todo. Fiquei assustado, fui atendido pelos médicos e ficou constatado um corte interno no nariz (mais tarde o raio x constatou uma fratura).

Assim terminei o AMA, na 19ª colocação. Entre os vinte melhores. Campeonato encerrado. Nariz quebrado, mas tenho certeza que estarei 100% recuperado para representar o Brasil no Motocross das nações. Será no fim de semana que vem em Buds Creek.
Os médicos me aconselharam, a partir de amanhã, iniciar uma natação para desobstrução das minhas narinas. Agradeço a Deus por me proteger durante esta temporada. Obrigado pelo dom que tenho de acreditar e perseverar em tudo aquilo que sonho. Agradeço a Riffel e a ASW/FOX, também a Zoolo, Orbital, Pirelli, Cia Athletica, All Service Cleaning, Max Saving Mortgage/Andrey Jomakei , John Burr, Tag, One, DRD e CTi.Obrigado a todos que acessam nosso site www.balbiteam.com.br, obrigado a todos que torcem e acreditam no sucesso da primeira equipe brasileira presente no AMA Motocross.
Balbi

This page is powered by Blogger. Isn't yours?