segunda-feira, outubro 26, 2009
Supercross Edgel
Olá amigos do Blog!
Hoje vou comentar sobre o Supercross Edgel, que teve o Desafio Internacional transmitido pela ESPN. É até possível que alguns de vocês tenham ido lá torcer ao vivo por mim. Apesar do atraso, gostaria de passar a vocês um pouco do que aconteceu atrás do guidão e também nos bastidores dessa prova.
Minha semana antes do Edgel foi bem atarefada e só cheguei em BH na sexta-feira que antecedeu o evento, dia 09. Logo que cheguei, fui direto pra pista da 2B Racing andar um pouco. Não havia treinado durante toda a semana e foi bom para me soltar. Depois dos treinos voltei pra casa e fui descansar para a prova.
Sábado de Campeonato MineiroCheguei na pista no sábado pela manhã e, como já esperava, a pista tinha um nível técnico bem baixo. Sinto confortável para falar sobre isso, pois ofereci minha ajuda para dar algumas dicas para que fizessem o traçado ser mais técnico e seguro para todos, mas os organizadores optaram por fazer da maneira deles, o que eu respeito também. Querendo ou não, sou um piloto e o que quero mesmo é correr rs...
Antes das corridas, a minha equipe, 2B Racing, recebeu uma visita da APAE com várias crianças carentes. Foi um momento muito bacana e tive uma sensação diferente que me fez pensar muito sobre a minha vida. Ao ver a alegria estampada no rosto de cada uma delas, fiquei bastante comovido.
A entidade passa por uma situação financeira muito ruim e os diretores disseram que estavam prestes a fechar as portas. O Vicente Bretz, da 2B Racing, decidiu ajudar e eu também. Tudo que eu recebesse de prêmio pela etapa do mineiro naquela noite doaria para poder ajudar e com isso, tentar fazer com que o pessoal da arquibancada se movimentasse para ajudar também.
Rolaram os treinos classificatórios à tarde, mas chegou à noite e começaram os problemas com a iluminação. Foi uma situação bem complicada porque a energia caiu umas três vezes e, em uma dela, tinha pilotos na pista. Aí começou toda a confusão e aquele impasse de correr ou não correr.
No fim, tudo acabou dando certo, porém alinhamos para largar só depois da meia noite rs... Para se ter idéia, naquela noite com todos os atrasos, acabei indo pra cama depois das três da manhã, o que não é muito bom quando se vai correr no dia seguinte.
Enfim, fomos para a corrida. Sabia da importância da largada, pois não havia muito a fazer para ser mais rápido na pequena pista. Fiz o holeshot e, no inicio, o Pipo, meu companheiro de equipe, me pressionou bastante. Mantive a calma porque não queria errar e aos poucos fui me distanciando.
Venci a prova e fiquei muito feliz com a vitória, ainda mais que pude doar os R$1.500,00 para APAE que naquele momento com certeza precisava mais do dinheiro do que eu.
Domingo do Desafio Internacional
No domingo sabia que a prova seria muito disputada. O número de pilotos de um bom nível técnico era grande o que me deixou bem animado. Para vencer teria que dar o meu melhor.
Entre os pilotos de fora, sabia que o Roberto Castro seria o mais rápido. Corri contra ele em algumas provas do AMA SX e MX e o convidei para correr aqui. Entre os Brasileiros, sabia que vários deles viriam bem, já que o Arena Cross possui pistas bastante parecidas com a de Capim Branco.
Durante todo o dia estudei a pista, os adversários, a largada e fiz algumas estratégias junto com o Max. Fiz o melhor tempo nos treinos cronometrados e fui para as classificatórias.
A noite chegou, mas a pista no segundo dia de competições estava dura e começou a ficar muito, mas muito escorregadia. Essa foi a maior dificuldade da pista porque não tínhamos tração nenhuma. Em algumas curvas que geralmente eram feitas em segunda marcha, estávamos usando terceira e às vezes quarta.
Pode parecer mentira, mas essa foi a melhor maneira que encontrei para andar e comecei a me divertir... Larguei na ponta na classificatória com o piloto Rafael Zenni em segundo.
No inicio da corrida ele pressionou bastante, o que fez a prova ficar divertida e o público ficou bastante empolgado. A cada volta abri alguns milésimos e depois da primeira metade da corrida tinha uma boa vantagem e então fomos para a grande final.
Naquele momento, mil coisas passaram pela minha cabeça e a vontade de vencer em casa era muito grande. O piloto Roberto Castro tinha vencido a classificatória dele e sabia que ele seria meu grande adversário na prova e, enquanto assistia a prova dele, o estudei muito e fui para a grande final.
Cai o gate e, mais uma vez, lado a lado com o Ratinho, saí na ponta. A minha estratégia naquele momento era bem simples. Não cometer erros. No início, o Rato pressionou muito e eu mantive a calma, pois sabia que a corrida era longa e teríamos que dar uma média de 35 voltas no circuito.
Concentrei bem e aos poucos o Rato ficou para trás e pude ficar tranquilo. Porém, a todo tempo eu guardava o Castro que de terceiro veio para segundo mais ou menos na metade da prova. A diferença de 3 segundos caiu para 2 e então decidi dar um tiro. Eu estava muito calmo e tinha outras estratégias.
Tinha uma carta na manga que era a seção de costelas que todos faziam de três em três. Estudei e só fiz uma vez no treino porque reparei que a sexta costela no canto esquerdo era baixa. Foi então que comecei a pular cinco costelas de uma só vez e como a última era muito baixa, a moto atropelava bem fácil.
Com isso a minha vantagem aumentou de 2s para 4s e depois para 6s. Pode parecer pouco, porém em uma pista onde todos andam praticamente no mesmo tempo, era uma excelente vantagem.
Voltei a administrar a corrida e tudo parecia definido até que entrei em uma curva em terceira marcha para não escorregar, mas acelerei e booooog... A moto apagou... Pedalei, pedalei e nada. De repente a moto pegou. Parecia um sonho e não podia acreditar no que estava acontecendo.
Voltei à prova e dei tudo que tinha. Pela primeira vez arrisquei durante todo o fim de semana e virei as minhas voltas mais rápidas, mas já estava perto do fim da prova. Cheguei na cola do Pipo e do Zenni e não tive tempo de atacar. Pulei a chegada um pouco triste, porém, ao ver a empolgação do publico me senti alegre pude perceber o carinho e apoio de todos. E dai em diante voltei a sorrir...
Sempre sou muito duro comigo mesmo e às vezes me cobro demais. Muitas vezes após as corridas em que todos estão sorrindo eu estou bravo (rs)... Dessa vez me senti bem, pois me concentrei muito, controlei tudo que podia e, das três largadas que fiz, acertei todas. Nem sempre as boas corridas são feitas de bons resultados, são coisas da vida (rs).
Apesar de não ter vencido o Desafio Internacional, foi bem divertido correr na região de BH e espero que no futuro possa correr mais vezes em casa. Agradeço a Deus por me manter com saúde e 100% fisicamente, sempre seguindo em frente. Agradeço também a minha família e a Família Bretz por todo carinho e ajuda no evento.
Obrigado aos patrocinadores da 2B Racing i9, Mart Plus, Consórcio Realizar, ASW/FOX e Orbital. Também a Silva Mattos (ASW/FOX),a MR Pro, L’acqua di Fiori.
Fotos Fred Mancini/Y.Sports
segunda-feira, outubro 19, 2009
Olá amigos do blog!
Olá amigos do blog!
Primeiramente peço desculpas e agradeço a paciência de vocês, pois não escrevo aqui no blog já há alguns dias. Minha vida nas ultimas semanas foi uma loucura. Não muito diferente do que estou acostumado. Realmente só não escrevi antes a vocês por que faltou tempo. Muitas viagens seguidas. O Blog me exige tempo principalmente para sentar e escrever.
Fui pra Itália onde praticamente não tinha acesso a internet. Cheguei ao Brasil na quarta feira e não fui pra casa, fui direto para o Salão 2 Rodas. Cheguei em BH somente na sexta onde já fui direto pra Capim Branco correr.
Apos a prova a correria não parou, descansei somente na segunda e na terça já fui arrumar minhas malas para vir pra Califórnia, onde estou agora para resolver alguns problemas pessoais.
Hoje finalmente estou com algum tempo pra mim e confesso a vocês que foi muito bom ir pra cama ontem sabendo que não tenho compromisso nenhum nos próximos dias rs... O blog me dá muito prazer de fazer, mesmo sabendo que tem comentários que nem sempre me agradam rs..., mas democracia é isso e a unanimidade é impossível.
Nações.
O resultado do Nações foi muito positivo. 14º em minha opinião foi muito melhor que o 14º do ano passado, já que o nível estava bem mais alto este ano. Alguns países fortes ficaram de fora um bom exemplo disso é o Canadá que tem muita tradição no mx e privilegiado geograficamente já que está colado nos EUA.
Vamos às corridas. O dia de sábado começou bem difícil, a mx1 largou primeiro e o Wellington Garcia acabou tendo problemas terminando a corrida em 24º. Em seguida foi à vez do Swian que fez um 21º e nos deixou bem longe da classificação.
Fui à pista e acompanhei a corrida dos dois que lutaram durante todo o tempo, porém, a prova estava realmente muito difícil. A pressão era grande, pois era a minha hora de ir a pista correr.
Honestamente o clima não era dos melhores no Box Brasileiro nossas chances de ir à final eram bem pequenas. Neste momento procurei ficar sozinho e fui me concentrar. Fui para o canto e rezei muito, pedi muito a Deus. Pedi a ele muita força e que se fosse da vontade dele que eu pudesse ir à pista e classificar o time.
A partir daí tudo mudou. Mesmo vendo todo mundo bem desanimado senti algo muito forte dentro de mim, uma força que me fez acreditar ser possível e fui para o gate. Minutos antes da largada o Wellington Garcia conversou um pouco comigo sobre a pista e me deu algumas dicas importantes o que me fez ainda mais confiante.
Cai o gate e saí como uma bala, porém, acabei me enroscando no meio da reta e perdi várias posições. Era um dos últimos na primeira curva, mas realmente estava muito determinado. Fui para o ataque como poucas vezes tive condições de fazer antes, acelerei muito, muito forte nas primeiras voltas. Fiz ultrapassagens nos saltos e curvas que nem mesmo eu mesmo podia acreditar. Arrisquei tudo e tudo vinha dando certo. É como se eu estivesse em um túnel de tão concentrado que estava. Quando assustei já era o 7º colocado e colocando muita pressão em cima do M.Byrne.
Só ai, com 15 minutos de corrida eu aliviei um pouco o ritmo rs. Mesmo por que me informaram pra administrar, já que aquela colocação nos classificava.
Senti um pouco a prova, acabei errando e perdendo duas posições e novamente fui avisado pelo Box que tinha que me manter ali. Atrás de mim, estava o vice campeão mundial Max Nagl e segurei como pude nas duas ultimas voltas garantindo a classificação.
Mal podia acreditar que tínhamos conseguido a classificação e fiquei muito feliz. Senti uma sensação de dever cumprido muito grande. Conseguir a classificação no sábado foi como uma vitoria para o time, já que foi a primeira vez que o Brasil consegue esse feito.
Após esta prova, pude ver o quanto o equipamento que estava usando era bom e pude perceber que a moto aceita muito mais. A grande diferença do equipamento só é possível sentir quando se anda no limite da moto, já que ela aceita coisa que a moto original não permite. Provavelmente iria me jogar no chão rs...
As motos que usamos eram realmente muito boas e o que mais me impressionou foi o peso, pois a moto é bem mais leve. Porém não vou mentir, estranhei bastante o equipamento durante todo o fim de semana, já que é quase como andar em uma marca de moto diferente já que as mesas chassi motor e suspensões freios eram muito diferente de uma moto de série.
No domingo de manhã, mesmo após ter andado bem no sábado, tentei mudar um pouco. Como há muito tempo não acontecia comigo, meus braços travaram um pouco no sábado. No fundo queria achar um posicionamento que me deixasse mais confortável na moto.
Finais
Tinha uma boa posição de largada e sabia que seria fundamental uma boa largada.Não vou mentir, se reparar na lista de pilotos no gate que foram às finais, vai perceber que só tem piloto bom hehehehe...Não saí bem do gate e pra piorar bati com o Italiano D. Philippaerts levando a pior, quem quiser checar tem um vídeo no site da Honda que mostra bem a batida e o pior, dobrei a primeira curva praticamente em último.
Procurei dar o meu melhor e estava bem forte, a moto não preciso nem falar aceitava tudo. Vinha por dentro por fora e até mesmo no mega triplo com todos os tipos de canaletas na entrada que poucos pilotos estavam fazendo, eu estava mandando algumas vezes para fazer algumas ultrapassagens.
Após 20 minutos de corrida senti um pouco e diminuí o meu ritmo. Essa foi com certeza a minha maior dificuldade durante todo o fim de semana na Itália, não sei se foi a moto diferente ou o tipo de pista não estava fluindo bem nas curvas e quando não estava atacando perdia bastante tempo e só conseguia ser rápido agressivo, o que acabou me cansando. Mesmo assim fui ate o final da corrida em uma boa briga com o britânico da KTM Tommy Searle, que estava andando de 250cc o que facilitou bastante pra mim poder segurá-lo rs...
O formato do nações judia um pouco dos pilotos da open e da mx2, já que temos que fazer 2 baterias seguidas com um intervalo de somente meia hora.
Tomei água, descansei e lá estava eu no gate para mais uma batalha.
Confesso que ainda estava cansado da primeira bateria, porém a adrenalina e a honra de correr pelo seu país é tão grande que na largada mal podia esperar para o gate cair. Tudo que queria era uma largada para facilitar minha vida.
Cai o gate, segunda, terceira, mão no fundo, pista limpa e de repente uma moto azul cruza a pista de uma forma nem um pouco inteligente, Tony Cairolli na tentativa de pegar a parte interna da primeira curva, acabou fazendo uma manobra muito infeliz. Freiei como pude porém a ktm ao meu lado direito não conseguiu................................................................................................................................moto voando como nunca vi antes, uma moto voou em minha direção e confesso ainda, não sei como escapei do acidente, pra se ter uma idéia, a roda pegou no meu braço rasgando minha camisa. Por um milagre, graças a Deus, escapei do acidente. Perdi muito tempo e mais uma vez era o último tirando os que caíram rs...
Logo fui pro ataque e na segunda curva quase me enrosquei novamente, dessa vez era o Chad Reed, parado saíndo de uma queda na segunda curva, passei por ele e fui ao taque novamente. De repente, antes do mega triplo, dois pilotos se enroscaram na minha frente e moto para um lado, piloto pro outro e o pior, não tive como evitar o piloto Paulin Gautier, que caiu exatamente na frente da minha roda dianteira e eu acabei atropelando-o. Perdi os pés da pedaleira, o controle da moto, porém não sei como escapei do acidente. Foi uma sensação horrível, não sabia o que pensar no momento, estava feliz de não ter caído, mas muito preocupado em ter machucado um companheiro.
Após tudo isso, meu coração batia a milhão por hora e foi muito difícil concentrar na prova, principalmente por que nas voltas seguintes, ao passar antes do triplo ví que o piloto ainda estava Lá sendo atendido.
Aos poucos fui me concentrando e comecei a andar bem na volta 3 ou 4, se não me engano, o piloto Chad Reed chegou atrás de mim, o que me ajudou de mais já que após ele me passar, pude seguí-lo por umas 2 voltas, o que me ajudou a ganhar várias posições. Vinha me recuperando bem. Na metade da corrida já era o 15º colocado e mesmo já estando um pouco cansado vinha bem até que ao forçar a passagem por fora, Kullas H. não tirou a mão, batendo em cheio no meio da minha moto. Perdi o controle e fui para fora da pista na contra mão. Novamente outro milagre e não caí rs.
Perdi tempo e algumas posições. Daí em diante, procurei terminar a corrida sem cometer erros, pois já estava muito cansado.
Fim de prova, dever cumprido e o melhor foi saber que mantivemos o Brasil como o 14º melhor do mundo. Pode não parecer muito para alguns, mas pra mim e para aqueles que conhecem e amam o motocross como eu, sabem a importância dessa colocação.
Tenho muito a agradecer a todo time brasileiro. Eu o Swiam e o Wellington estávamos muito unidos. Por isso acredito na forca do nosso time.
Vi o esforço deles e parabenizo os 2, pois em momento algum deixaram de lutar. Assim como eles, eu estava Lá dentro e sei o quanto é difícil uma corrida como essa.
Parabéns e obrigado a Honda Brasil pela o portunidade e obrigado ao meu Pai e o Max que estavam sempre ao meu lado. Obrigado ao mecânico Marquinho que deixou minha moto impecável durante todo o fim de semana.
Claro, termino agradecendo a Deus por ter me dado mais essa alegria e aos patrocinadores da 2B Racing i9, Mart Plus, Consórcio Realizar, ASW/FOX e Orbital. Também a Silva Mattos (ASW/FOX),a MR Pro, L’acqua di Fiori e LEM.
Esta semana venho com o resumo do sx edgel...
Abraço e fiquem com Deus!
Balbi
Fotos: Y.Sports